Era um universo pequeno e cinza, mas era meu.
Nunca senti falta do sol. Tinha teus olhos e me alimentava dos movimentos de tua boca. Escondido no silêncio de nossos subterrâneos, nunca teria acordado se a luz não invadisse meu esconderijo. Expulso do silêncio de sua pele, sou só mais uma peça que alterna a dúvida dos movimentos com essa imobilidade inquietante.
Vou pular para a próxima casa, contornar mais um obstáculo, e tentar ser um horizonte, ainda que em diagonal. Mal consigo, porém, mirar para o alto. Se me agachar viro pedra? Queria poder rolar esfarelante rumo a qualquer poço de lembranças turvas e liquidar todo meu volume.
Mas se deitar viro terra? Bastaria a mim não ser superfície. Lá dentro do meu universo, éramos ar. Era pequeno, cinza e sufocante, mas era meu.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)