sábado, 27 de agosto de 2011

breves eternidades 3

É um problema mais do que geométrico.
Dizer sem prudência, aderência ou embaraço vai dar um rolo nessa minha cabeça obtusa.
Questão de espaço, vê?
Que o que ali se enrola é menos labiríntico que um imenso grito ecoado por paredes mudas. Sente?
É de uma intensidade que dá voltas desafiando esse intestino infinito que me preenche de ansiedades caducas, de lacunas.
Se cada lado é menos do que um inteiro para você, nenhuma multiplicação que eu lhe invista vai somar mais que dois – o resto, não me interessa.
Não sei o que fazer, não chego a nenhum resultado que não seja o resto do mínimo sonho da parte que aprendi a reconhecer como o máximo denominador comum.
Deveria providenciar para que todo e qualquer desafinar siga ao menos uma reta, na esperança de ao menos um encontro paralelo. Desisto. Não ter o direito de unir dois corpos fora das leis da física só me esvazia mais de metafísica.
Continuaremos a ser dois seres que não atingem nenhum ponto no espaço e querem se esconder em uma dessas sombras curvas de preguiça.
Talvez fugir para meu quadrado seja o mais cartesiano a fazer. Desse ângulo ao menos não terei a perspectiva de me ver lado a lado com sua forma.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

breves eternidades 2

Se soubesse que travaríamos diálogos tão silenciosos teria te desafiado para um monólogo. Finge, finge e esconde as palavras no bolso dos gestos, mas seus olhos gritam. Não param de te denunciar, dizem que é mais do que o sorriso calado e as mãos espremidas contra o peito. Quais formas de tortura os torturadores mais cruéis recomendariam para desvendar mais do que segredos, apenas sílabas soltas ao acaso de inquisições quase adolescentes? A única tortura possível é abandonar a esperança de sentir tua voz e cair na espiral de silêncio que leva os solitários à companhia de seus mais sedutores fantasmas. Devo tentar ser ouvidos contra sua parede, à espera de palpitações e um suspiro que me preencha do som de seu corpo? Talvez seja demorado como o intervalo entre dois infinitos conseguir ouvir o que queira me dizer, mas a espera será mais profunda que o abismo entre dois universos se me disser o que não quero ouvir. Por enquanto, vamos manter o silêncio entre seus olhos e os uivos ansiosos de minha garganta que só queriam gritar para você que