Hoje acordei antes do sol brilhar, e foi de propósito. Desliguei-o a tempo do dia claro não brotar sob minha vista. Cancelei o giro do planeta, fechei a janela para a lua intacta que se exibia diante da minha janela, tratei de vasculhar o quarto à procura dos vestígios de universo acumulados ao longo dos anos. Eles estavam por todos os lados, e me pareceu incrível como acumulamos mundos em porções tão estreitas de sentimentos.
Presentes de aniversário, lembranças de viagens, livros dedicados, discos dançados a dois, três, dez, objetos pendurados como nebulosas e mais um monte de astros orbitando o espaço-tempo construído pelo big bang de um encontro. Cada quadro na parede tem uma gravidade emoldurada e mal explicada. Ao menos para mim, que nunca fiz cálculos muito precisos para descobrir do que é feita a atração dos corpos e a queda dos asteroides sobre nossas cabeças.
Tentei encaixotar tudo e enfiar no primeiro buraco negro que minha memória ofereceu, mas não coube. Muita coisa era inesquecível, devia ter percebido logo. Desisti, espalhei tudo pelo chão do quarto e esperei pela paciência de acreditar que aquelas cordilheiras de anti matéria desapareciam com o tempo, asfixiadas como mais uma vítima do infinito.
Antes dela, a paciência, me tocar os ombos eu já estava colocando tudo de volta no seu lugar. Demolir o universo que havia construído não me transporia direto para o rabo de um foguete, que era onde desejava estar na manhã em que acordei antes do sol brilhar, de propósito, para desligar o dia, pensei.
Antes dela, a paciência, me tocar os ombos eu já estava colocando tudo de volta no seu lugar. Demolir o universo que havia construído não me transporia direto para o rabo de um foguete, que era onde desejava estar na manhã em que acordei antes do sol brilhar, de propósito, para desligar o dia, pensei.
Voltei a dormir, fugi para bem longe das leis da física.
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