sexta-feira, 8 de junho de 2007

Pérfidas 3

Arrasta corpo pelos próprios cabelos. Chega antes de sua presença. Vive de inquéritos.

- Não cansa carregar o peso desta toda tua nulidade nas costas? – inquire, desenvolta sobre a voz arranhada.

Suspiros. Entreouve um zunido. A unha, à boca. O olho parado pouco se move. Sempre responde como se nunca tivesse respondido respostas. Prontas, dialéticas, sintéticas, cartesianas quem sabe...

- Na verdade, tanto. E arcado estanco, nulo feito fato vazio. De qualquer significado. Mas aí, já mesmo parado, curvo os joelhos. Levo o cotovelo ao chão, as mãos ao rosto. A bandeja formada por meus dedos cerrados ao queixo. E espero passar. Um rio embaixo de mim. Dois sóis e uma lua sobre a cabeça. Ou à frente. Uma manada de nadas, dessas espécimes desesperadas – parece não responder.

Elaborava-se por tópicos, subdivididos em sub-reptícios relatórios pormenorizadamente relatados. Constantes em uma caixola vazia. E a partir dos indícios acumulados, acumulava-se de indícios descompartilhados. Assim vivia. E inquiria, às vezes desabafada.

- A inutilidade de ser-te já me exausta

- Foi assim que fui sendo. E tu e toda tua utilidade, não descansam teus casacos, tuas cascas ao acaso? – pergunta - quer deixar de ser resposta.

Milimetrava a pulsação do corpo. Para não ir além de onde os pés se plantavam. E erguia-se esguia para a voz ser ouvida como vista.

- Eu nunca parei. Para pensar.

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